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[ COLUNA DO JONAS ] Vai assumir? MP é favorável à cassação de Juliano Peixer e Mateus Galliani

Em São João Batista, a política não é jogo de santos, mas de processos – e a disputa pelas urnas nunca termina no dia da eleição
Por: Jonas Hames - 15/11/2024 08:00min- São João Batista
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Na vida e nos jogos, quem perde senta e chora. Na política de São João Batista, quem perde senta, processa e faz barulho. É assim que funciona.  O processo eleitoral mal termina e já vira disputa jurídica.  Agora, na sala de espera da Justiça Eleitoral, estão Juliano Peixer e Mateus Galliani, eleitos prefeito e vice em outubro. Mas, como em política não há santos – salvo o sobrenome do prefeito eleito –, o que se desenha é mais do mesmo. Acreditar que Peixer e Galliani não assumem é como acreditar no mundo mágico do guarda-roupa de Nárnia.

 

Fotos: Arquivo/Divulgação

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O processo já era prenunciado. No dia da votação, em frente ao Colégio São João Batista, um representante do PL, aliado do candidato derrotado Felipe Lemos, cravava: "Se eleito, Juliano ganha as urnas, mas não a prefeitura." E assim começou a trilha de especulações nos grupos de WhatsApp, onde factóides alimentam mais que a realidade. O estopim? Um vídeo, gravado em via pública, em frente ao Corpo de Bombeiros, onde Juliano e o deputado federal Fábio Schiochet aparecem anunciando a chegada de uma ambulância. Algo corriqueiro, mas que ganhou contornos dramáticos no processo.

 

A acusação baseia-se na Lei das Eleições, que proíbe agentes públicos de distribuir bens ou benefícios durante o pleito. Para o Ministério Público, o ato configura abuso de poder econômico e prática de conduta vedada. O caso agora está nas mãos do juiz eleitoral da comarca, que decidirá pela cassação ou não.

 

O VÍDEO DO PROCESSO:

 

Mas surpresa? Nenhuma. Em São João Batista, perder e não contestar é como tomar café sem açúcar: desnecessário. O histórico comprova. Aderbal Manoel dos Santos, outro que carrega sobrenome santo, assumiu a prefeitura em 2005 e governou sob o peso de processos eleitorais. Mesmo com uma liminar na gaveta, concluiu dois mandatos tranquilamente, enquanto a oposição repetia, como um mantra: "Vão cassar o Babau." A expectativa, claro, nunca se concretizou.

Depois, veio Daniel Cândido, e a história se repetiu. Ele governou quase dois mandatos completos, enfrentando processos até os últimos meses de 2016, quando a Justiça finalmente decidiu pela cassação. Em uma cena digna de novela, saiu da prefeitura pela porta da frente, acompanhado de seus 85 comissionados, atravessando o centro como mártir. Foi reeleito logo depois e seguiu como se nada tivesse acontecido.

 

 

O jogo não muda. Quem ganha veste a carapuça de vítima. Quem perde vira crítico profissional. Prefeitos eleitos isolam-se de aliados e afastam amigos, trocam de carro antes de assumir, viram o 'bico' para imprensa, rompem com o vice antes do segundo ano e seguem em frente. Já os derrotados, gritam na Câmara, encontram falhas até no corte da grama da praça e recorrem aos tribunais para tentar virar o jogo. É uma política de “briguinhas”, como os xingamentos de vizinhos por cima do muro.

E Juliano? Disse que o vídeo foi gravado depois da entrega da ambulância, em via pública, sem qualquer benefício ao eleitorado.   Defendeu-se dizendo que o convênio, que envolveu diversos municípios, não foi gratuito e que os custos chegaram a quase dois milhões de reais. Rebateu as acusações, chamou de fakenews a mensagem de WhatsApp espalhada no dia da eleição e garantiu: "Confio na Justiça e na decisão soberana do povo batistense, que escolheu mudar." A diplomação segue marcada para o dia 17 de dezembro.

 

 

Ainda assim, algo faltou na nota oficial de Peixer: o corpo estendido na praça. A figura central que impulsiona a narrativa do perseguido. Aderbal tinha o MDB como algoz. Daniel, o PP vingativo. Essa ausência pode ser sentida mais à frente, quando a narrativa de vítima precisar de mais sustância. Sem ela, o discurso corre o risco de parecer técnico demais, sem o “tômpero” do chef Erick Jacquin, que alimenta o imaginário popular.

 

E, no final, a resposta para a grande pergunta – Juliano e Mateus assumem ou não? – já está escrita nos manuais da política brasileira, mes amis. Mesmo que o juiz condene, há o TRE. E enquanto recorrem, assumem e governam com liminar. Caso percam no TRE, há o TSE. E assim, o tempo passa. Para os derrotados, resta espernear e colocar estimulante na bebida da militância. Para os vencedores, pagar os advogados e seguir assoviando como se nada tivesse acontecido. 

 

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